terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Não pode haver amor não correspondido


– E então era só isso? O amor era só isso? Suspirar e chorar por alguém, enquanto esse alguém provavelmente suspirava e chorava por outro alguém, e assim o poema se desenvolvia como a quadrilha de Drummond? Me nego a acreditar! Amor é fogo que deve arder, queimar e consumir os corpos dos apaixonados e não obrigar Lili a se casar com um tal de J. que nem havia entrado antes na história. Sabe o que eu acho? Que o amor está naquele arrepio que sentimos no toque das pontas dos dedos em nossa pele, naquele conforto que sentimos dentro do abraço quente e apertado, naquela paz enquanto deitamos a cabeça sobre o peito da outra pessoa e sentimos sua respiração, naquela falta de vontade de terminar o beijo enquanto pensamos que poderíamos facilmente viver daquilo. Está ainda mais naquela urgência em ver o relógio marcar o horário do encontro, no coração acelerado ao ver o nome do ser amado chamando em seu celular. Está naquele bombom ganhado fora de data, ou naquele beijo meio roubado antes que chegue alguém. Está no cuidado, mas nas brigas também, nas qualidades, mas nos defeitos mais ainda. E é por essas coisas que digo, não pode haver amor não correspondido. Porque para viver essas pequenas situações de amor é preciso alguém. Você não pode beijar, brigar ou cuidar sozinho, platonicamente. Para amar é preciso que se caminhe a dois. É preciso que se conheça e se conviva. E que nesse convívio haja graça, nervosismo, ansiedade, espera, entrega, rubor, suor das mãos, ciúme, paciência, carinho, urgência, paz e inquietude. – Concluiu Isabela enquanto olhava sorrindo para a amiga que chorava por um tal de amor não correspondido.
– Mas então porque você acha que Lili não tem um caso de amor? – pergunta a garota em resposta.
– Simples! Amor inspira. E J. Pinto Fernandes por acaso te trás alguma inspiração?
As duas sorriram, concluindo naquela tarde que o amor não poderia ser apenas a união de duas pessoas cujas qualidades atendam exatamente as exigências uma da outra, o nome disso talvez seja conveniência. Mas o amor também não era algo que poderia se viver a sós, isso talvez seria apenas uma paixão burra. Amor? O amor é sorte!



Texto de autoria de Julia Benevento.
Referências bibliográficas:
ANDRADE, Carlos Drummond de, Alguma Poesia.

2 comentários:

  1. Adorei o texto, também estou muito afim de fazer textos, adoro escrever e imaginar coisas para refletir :D
    Gostei demais :D
    beeijos

    www.aneehalves.com.br

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    Respostas
    1. Obrigada Anneh! E faça sim! É muito bom escrever, alivia! ;)

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