– E então era
só isso? O amor era só isso? Suspirar e chorar por alguém, enquanto esse alguém
provavelmente suspirava e chorava por outro alguém, e assim o poema se
desenvolvia como a quadrilha de Drummond? Me nego a acreditar! Amor é fogo que
deve arder, queimar e consumir os corpos dos apaixonados e não obrigar Lili a
se casar com um tal de J. que nem havia entrado antes na história. Sabe o que eu
acho? Que o amor está naquele arrepio que sentimos no toque das pontas dos
dedos em nossa pele, naquele conforto que sentimos dentro do abraço quente e
apertado, naquela paz enquanto deitamos a cabeça sobre o peito da outra pessoa
e sentimos sua respiração, naquela falta de vontade de terminar o beijo
enquanto pensamos que poderíamos facilmente viver daquilo. Está ainda mais
naquela urgência em ver o relógio marcar o horário do encontro, no coração
acelerado ao ver o nome do ser amado chamando em seu celular. Está naquele
bombom ganhado fora de data, ou naquele beijo meio roubado antes que chegue
alguém. Está no cuidado, mas nas brigas também, nas qualidades, mas nos
defeitos mais ainda. E é por essas coisas que digo, não pode haver amor não
correspondido. Porque para viver essas pequenas situações de amor é preciso alguém.
Você não pode beijar, brigar ou cuidar sozinho, platonicamente. Para amar é
preciso que se caminhe a dois. É preciso que se conheça e se conviva. E que
nesse convívio haja graça, nervosismo, ansiedade, espera, entrega, rubor, suor
das mãos, ciúme, paciência, carinho, urgência, paz e inquietude. – Concluiu Isabela
enquanto olhava sorrindo para a amiga que chorava por um tal de amor não
correspondido.
– Mas então
porque você acha que Lili não tem um caso de amor? – pergunta a garota em
resposta.
– Simples! Amor
inspira. E J. Pinto Fernandes por acaso te trás alguma inspiração?
As duas
sorriram, concluindo naquela tarde que o amor não poderia ser apenas a união de
duas pessoas cujas qualidades atendam exatamente as exigências uma da outra, o
nome disso talvez seja conveniência. Mas o amor também não era algo que poderia
se viver a sós, isso talvez seria apenas uma paixão burra. Amor? O amor é
sorte!
Texto de autoria de Julia Benevento.
Referências bibliográficas:
ANDRADE, Carlos Drummond de, Alguma Poesia.
Adorei o texto, também estou muito afim de fazer textos, adoro escrever e imaginar coisas para refletir :D
ResponderExcluirGostei demais :D
beeijos
www.aneehalves.com.br
Obrigada Anneh! E faça sim! É muito bom escrever, alivia! ;)
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